Para a residência eu trouxe uma quantidade grande de livros. Com mais tempo livre, poderia me dedicar a essa atividade que sempre acalma minha alma. Um deles: “Dois Artistas das Sombras: El Greco/Oswaldo Goeldi”, de Rodrigo Naves, que li logo que cheguei no México, tem uma frase que me levou à intervenção com os trabalhos de dois fotógrafos que tem temáticas parecidas: Bernardo Borges e Patrícia Montrase.
O texto que, parafrasiando a Guadalupe – diretora do Estudio Abierto – foi o “detonador” da ideia é este:
“Textos, na maioria dos casos são garrafas de náufrago que jogamos ao mar, na esperança de que na praia alguém as apanhe com ansiosa curiosidade”.
Rodrigo Naves.
Foto do Bernardo Borges
A frase ficou comigo, deixei o livro na mesa de trabalho e fui visitar Mitla, uma cidade com um grande mercado de rua, na verdade o maior que já vi. No caminho passamos por uma fábrica de Mezcal e logo depois avistei uma série de casas abandonadas. Uma delas me chamou a atenção e logo pensei na frase e em montar as fotos dos dois artistas nestes lugares. Seria uma maneira de lançar ao acaso uma mensagem, na esperança de que alguém um dia, movido seja lá por qual motivo, entre na casa e encontre as imagens dos dois artistas.
Na semana seguinte desembarquei na rodovia, em uma paisagem com cáctos e cercada por montanhas e fui animado fazer a interferência artística na casa abandonada.
Fotos da Patrícia Montrase
Lugares como aquele, com o silêncio da ausência do homem, sempre me interessou.
As fotos foram coladas em um dos cômodos da casa e deixei uma mensagem, em Espanhol, pedindo que, se alguém por acaso veja nosso trabalho, nos avise, aproveitando as vantagens do mundo globalizado, pelas Redes Sociais.
Lançamos a garrafa ao Mar…